Choperia badalada do Itaim, happy hour, homens engravatados, amigos queridos, cerveja gelada… o cenário era perfeito! Eis que, a umas três mesas de distância, visualizo O cara. Meu Deus! O que era aquele homem?! Alto, ombros largos, traços fortes, olhar lindo. Comento com minha amiga sentada ao lado: “Você viu aquilo? É o homem da minha vida!!!”. Exageros à parte, fiquei realmente muuuuito interessada no bofe. O interesse foi recíproco (ueba!) e a troca de olhares foi intensa durante toda a noite, mas nada do cara vir falar comigo. Também, pudera, éramos duas mulheres numa mesa só de homens, qualquer um se sentiria inibido em se aproximar. Senti uma movimentação estranha na mesa dele e o que eu temia aconteceu: ele pagou a conta e foi embora. Nãããããão!!! Meu chão caiu! Numa cidade como São Paulo, a probabilidade de encontra-lo novamente era praticamente nula. Quase saí correndo atrás dele. E, então, me ocorreu: “Um guardanapo! Ele tinha que ter deixado um bilhete no guardanapo!”. No fundo, eu tinha certeza que ele tinha deixado o tal guardanapo, dessas certezas estranhas que só nós, mulheres, sentimos. Na verdade, eu só estava esperando o viado do garçom se aproximar e me entregar a senha para a felicidade! Vinte minutos se passaram depois que ele foi embora, e nada de bilhete. Vi minhas esperanças se esvaírem e, decepcionada, fui ao banheiro eliminar toda aquela cerveja que havia me consolado na angústia da espera. E não é que o garçom, muito do discreto, estava esperando o momento certo pra me entregar o bendito?! Ele não quis me entregar o guardanapo na mesa para não me comprometer, caso houvesse qualquer affair com um dos presentes, não é o máximo? (chopperia chique é outra coisa, né?) Pois lá estava escrito: “Não tive o prazer de te conhecer aqui, mas meu nome é tal, meu telefone é tal, me liga, beijos”. Fiquei radiante! Eu dizia para a minha amiga: “Tá vendo, tá vendo, eu tinha certeza, é o destino, é o homem da minha vida, é ele, encontrei, finalmente, ai, ai…”, essas coisas de mulher surtada, sabem como é. Achei melhor dar uns dias, manter um suspense e deixar o cara na expectativa e… liguei no dia seguinte! Ele: “Alô?” Eu: “Ééé, hummmm, oi, hammm, você me deixou um guardanapo ontem…. Nossa, que voz maravilhosa! Papo bom, várias afinidades, e a louca aqui surtando de novo “é o universo, é o destino, obrigada Senhor!” Trocamos e-mails nos dias que se seguiram e, pra completar, o português do cara era impecável, quase gozei! Era o homem da minha vida! Finalmente, marcamos de almoçar num sábado, aquela comidinha japonesa básica que eu adoro. Ansiedade no topo, arrumação impecável, perfume até na perseguida, e o bonitão foi me buscar em casa. Ele encostou o carro. Entrei. Fechei a porta do carro. Sorri pra ele. Ele sorriu pra mim. Péra, vamos rebobinar, não é possível, eu devia estar enxergando errado. Eu entrei no carro. Fechei a porta. Sorri pra ele. Ele sorriu pra mim e, adivinhem? Era isso mesmo, eu tinha enxergado direitinho: uma imensa janelinha com vista para o mar se revelou. Géntem!!! Ele era praticamente banguelo de um dente! Quase morri! A janela era tão grande que parecia que faltava um dente! E o que é pior, na frente! Socorroooo! Não tive como fugir do almoço, foi uma saia justa só. Tentativa de beijinho pra cá, beijinho pra lá, e eu só me esquivando. Juro, eu não conseguia, não dava. Brochei total.
E foi assim que meu conto de fadas se desmanchou no ar e me rendeu apenas um almoço constrangedor na Vilaboim. O príncipe tinha virado sapo (não deveria ser o contrário, Walt Disney?).
Moral da história: nunca saia com um cara que você viu só de boca fechada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário