Quando você não espera nada da noite é que você se surpreende. Essa é uma máxima que nunca falha. Ontem foi assim. Tudo começou com uma cervejinha despretensiosa, em mais um desses butecos sujos, com copo americano e mesa de ferro, espalhados por São Paulo. Após uma pequena, mas eficiente peregrinação etílica pela avenida paulista – o “bar” em que estávamos nos expulsou às onze e meia da noite!! – chegamos ao submundo das drogas e dos GLS, mais conhecido como “A Lôca”. Meia luz, música incrível, pessoas doidas, sexualidade exalando pelos poros. Coreografias provocantes, mulheres se esfregando umas nas outras, homens gozando com os olhos. Gays se beijando sem o mínimo pudor, realmente estavam em casa. É impressionante como o clima de libertinagem das baladas homo leva poucos segundos para contaminar até mesmo os mais recatados. Não que eu seja uma recatada, muito pelo contrário, mas, some-se a isso doses e doses de bebidas alcoólicas das mais variadas espécies e o resultado é pura libertação, até para os mais liberados! Foi assim que comecei com as provocações. Éramos dois casais. A Genésia, com seu namoradinho novo e lindo, diga-se de passagem. Eu, com o meu problema-solução dos últimos dez meses, o Babaca. Talvez eu tenha ido longe demais com o propósito de dançar me insinuando com a Genésia. É compreensível que qualquer cara se desestabilize ao nos ver dançando juntas (modesta, eu?), mas quando se trata do seu bofe, aí a coisa muda de figura. Ver o seu affair ali, todo derretido pela sua amiga, não é das cenas mais agradáveis de se ver. O melhor é que nem precisei planejar a minha vingança. Assim que adentrei o recinto, avistei o negro mais sexy que já vi nos últimos tempos. Pensamento involuntário: “ai se eu estivesse desacompanhada…”. Eis que nem precisou esforço. Babaca vai ao bar. Antes mesmo que eu pudesse me insinuar, lá estávamos nós, eu e aquele outro negro lindo, dançando agarrados, como dois pólos que se atraem naturalmente. Não houve diálogo. Não me pergunte seu nome, nem o timbre da sua voz. Com a excitação de quem trai, deixei que ele me levasse para um canto. Hesitei um segundo, e me rendi a dois longos e selvagens beijos. Voltei para a pista, não podia correr o risco de um flagra. Com um sorriso satisfeito nos lábios, reencontro o Babaca e beijo-lhe com uma vontade visceral. Sujo seus lábios com a saliva do outro e, num misto entre prazer e culpa, senti-me vingada de qualquer coisa que ele pudesse vir a fazer ou que já tenha feito.
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