terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

O maioral entre os babacas

Típico burguesinho que se acha. Some-se a isso o currículo perfeito para o cargo de “genrinho da mamãe” – duas graduações (medicina e engenharia civil), mais uma posição de destaque na carreira pública municipal – e o cara se considera a própria cereja do bolo. Gatinho, até. Um tanto baixinho, pançudinho, mas com uma postura de homenzinho precoce (27 aninhos, pode?) que me seduziu, confesso. E com defeitos mais graves que eu viria a descobrir depois. Nos conhecemos de maneira pouco convencional. Viajei a trabalho para um evento que reuniu delicinhas de todo o Brasil. Nos apresentamos, trocamos contatos, mas a aproximação não passou disso nos dias que se seguiram. De volta às nossas respectivas cidades (muitos quilômetros nos separam), foi aí que a palhaçada começou. Incontáveis torpedos, telefonemas, encantamento, promessas, juras de amor. O enredo perfeito para uma romântica incurável como eu. Em menos de um mês eu já estava de malas prontas pra passar uns dias com o bofe na cidade dele: era a hora da verdade, porque, né?, falar até papagaio fala. Fui lá ver qualé que era, o cara vendeu bem o peixe e, de mais a mais, eu estava de férias e iria conhecer uma cidade nova. Parti pro abraço em suaves prestações!
Aquela ansiedade monstra e, às sete da manhã de uma sexta-feira, eu estava desembarcando no aeroporto de uma capital brasileira qualquer. De cara, fui recepcionada com um demorado beijo logo no saguão, antes mesmo que eu pudesse pronunciar uma única palavra. Senti aquele leve bafinho de uma pessoa ao acordar, mas relevei; não ia deixar que um detalhe (oe?) como esse arruinasse o meu ideal de romance. Seguimos para o hotel, que ele fez questão de providenciar e, enquanto ele voltava ao trabalho, eu tirei aquela soneca revigorante, fundamental depois desses destruidores voos da madrugada. Almoçamos num simpático restaurante, visitei pontos turísticos da cidade, estava realmente encantada, nem me lembrava mais do bafo. Sou dessas que apaixona fácil, aliás, já cheguei lá bastante envolvida, dietas a base de capim são a minha especialidade! À noite, fomos a um barzinho badalado. Na entrada, ele encontrou alguns conhecidos e não demorou para que sentássemos todos juntos, confraternizando ao melhor estilo casalzinho. Vários submarinos depois (mistura de chopp com uma dose letal de conhaque), e voltei para o hotel soltinha e com o bofe a tira-colo. Cedo ou tarde iria rolar, néam? E acabou rolando na primeira noite. Esperava um potencial muito maior, se é que vocês me entendem, e o amigo também andava precisando de uma “aparada” nas partes baixas (fica a dica), mas tudo aconteceu dentro da normalidade de uma primeira vez. Acordei com uma ressaca daquelas, mas não neguei fogo para as “cutucadas” matinais. O menino despertou a ponto de bala!
Intimidade aumentando, características se revelando. Identifiquei no moço aquela performance típica de punheteiros aficionados em pornografia, com uma pegada mais rústica e besteirenta. Não é bem meu estilo, mas entrei no clima. De repente, visualizo a cena mais bizarra do meu repertório sexual nos últimos tempos: o cara de quatro, me oferecendo todo o seu rabo de bandeja. E agora? Dar uma de puritana nessas horas, como faz? Missão dada é missão cumprida! Respirei fundo (antes de me aproximar da região, é claro) e fui lá dar aquele trato no períneo do gato. Se ele estava esperando uma dedada ou uma lambida na portinha traseira, ia ficar pruma próxima, de preferência depois da aparada nos pelos sugerida ali em cima. Peludinho gozou gostoso e eu fiquei satisfeita, sem mais.
Museu, restaurante japonês, sobremesa, clima de romance, apresentação pros melhores amigos, presentinhos, passeios e mais passeios, o que mais eu poderia querer?
Foi quando um papel caído no banco do carro entregou: enquanto eu cruzava distâncias para encontra-lo e fazia conexões naquele voo cruel da famigerada madrugada de sexta-feira, o filho da puta estava comendo alguma outra otária (vamos dar as mãos?) num motel qualquer da cidade. Foi um duro golpe na minha paixonite! Por mais que não tivéssemos nada sério, o cara me envolveu numa trama de promessas e falácias que me faziam acreditar que, sim, era especial. Pra completar, rolou um sumiço muito suspeito na noite de sábado. Com a desculpa de “acudir a mamãe”, o cara me abandonou numa balada com os amigos por inacreditáveis duas horas e meia! Vou duvidar, dizer que está mentindo? O que fazer com a informação quando se tem mais três dias de viagem e seis parcelas de tarifa aérea no cartão de crédito pra pagar? Brochada e com o brilho apagado dos olhos, eu ia ter que encarar, embora eu tenha pensado em voltar no voo mais próximo. No dia seguinte, a “redenção”. Sem mais nem porquê (culpa, talvez?), o nanico manipulador me levou pra almoçar com a mãe. De quebra já conheci a cunhada. As nuances de romance ressuscitaram, trouxa que sou. Adorei as duas, e fui muito bem recebida. Sogrinha também se encantou, e já queria que eu me mudasse pra lá. Passei de trouxa enganada à namorada eleita em instantes! Ganhei até escova de dentes, vê se pode! Novo almoço e foi a vez de conhecer o pai, família reunida, não é lindo? Eis que a hora de voltar pra casa chegou e, com um aperto no peito, eu arrumei as malinhas certa de que, apesar dos pesares e dos evidentes indícios de filha-da-putagem, minha ida tinha valido a pena. Mais uma semaninha de romance à distância e tudo mudou. As mensagens apaixonadas se converteram em abordagens de sacanagem. “Me chupa”, “bati uma pra você” e “to sonhando em comer seu cu” foram as frases mais fofas que eu recebi desde então. Até um vídeo dele batendo punheta em estágio “meia-bomba” eu tenho na memória do meu celular. Publico ou não publico (mãos se esfregando maquiavelicamente)? Meu filho, se era só pra meter, eu não precisava ter me deslocado tanto! Conterrâneos querendo me comer têm aos montes!
Esse aí merece o título de maioral. Entre os babacas! E foi assim que o meu romance acabou muito antes que as minhas prestações. Poizé.


Nunca é demais lembrar.

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